Durante muito tempo, o cão ocupou o posto simbólico de “melhor amigo do homem”. Contudo, nos últimos anos, os gatos vêm ganhando espaço significativo nos lares urbanos, nos hábitos de consumo e na convivência cotidiana com os humanos. Essa mudança de comportamento levanta uma questão cada vez mais presente: os gatos estariam assumindo o papel de animal de estimação favorito?
Dados recentes indicam que a população de gatos domésticos cresce em ritmo mais acelerado do que a de cães em diversas regiões do mundo. No Brasil, os levantamentos mostram um aumento constante no número de felinos nos lares, impulsionado por fatores como a urbanização, o crescimento de moradias menores e a rotina acelerada da população.
A adaptação mais fácil dos gatos a espaços reduzidos, sua autonomia e a menor exigência de cuidados diários têm contribuído para esse cenário. A presença felina é vista como compatível com estilos de vida modernos, principalmente nas grandes cidades, onde tempo e espaço são recursos limitados.
Além das questões práticas, há também uma mudança na percepção sobre o comportamento dos gatos. Se antes eram vistos como distantes ou ariscos, hoje são amplamente reconhecidos por sua capacidade de criar vínculos afetivos, expressar carinho e proporcionar companhia de forma discreta, mas significativa. Plataformas digitais, como redes sociais e canais de vídeo, também contribuíram para a popularização dos felinos, que se tornaram protagonistas frequentes de conteúdos virais.
A chegada de um novo animal de estimação pode transformar a rotina de uma casa, trazendo consigo não apenas companhia, mas também conforto emocional. Foi o que aconteceu a família da Rafaella Louhaynne de Campos que adotou a gata Luna, após a mudança de residência do antigo tutor.
Segundo relato da tutora atual, a adoção ocorreu no fim do ano passado, após uma amiga da família mencionar que seu filho precisaria abrir mão de sua gata por conta das regras de um novo apartamento, que não permitia animais de estimação. A situação coincidiu com a perda recente da gata anterior da família, o que tornou o momento propício para a chegada de um novo pet.
“Ela vai fazer um aninho agora, se contar desde o final do ano passado”, conta a tutora. A adaptação de Luna à nova casa foi rápida, e sua presença é percebida como um elemento de acolhimento no ambiente familiar.
“A gente chega em casa e ela já vem brincar, ou fazer bagunça... Até quando apronta, a gente fica com raiva, mas depois passa. Ela traz um sentimento de conforto”, afirma Rafaella sorrindo.
O casal Andressa Lara e Diogo Madruga, são apaixonados por animais desde crianças, explicam que: “com eles podemos ser exatamente quem somos, sem julgamentos, apenas acolhimento. Com os nossos gatos, é assim: eles chegam devagar, se acomodam perto de nós e, com aquele olhar sereno, nos lembram que, mesmo nos dias mais difíceis, a paz existe”.
Para muitos tutores, os gatos representam mais do que simples animais de companhia: eles são símbolos de acolhimento silencioso e conforto emocional. Seu comportamento sereno e reservado contribui para a construção de um ambiente de paz, especialmente em contextos urbanos marcados pelo estresse e pela correria.
“Os gatos são importantes em nossas vidas porque nos ensinam a valorizar o silêncio, o aconchego e a simples presença. Eles são a calmaria em meio ao caos, o carinho inesperado, a companhia que não exige nada, mas que conforta profundamente”, diz o casal.
Mesmo com o crescimento da preferência por gatos, os cães continuam mantendo forte presença nos lares, especialmente em ambientes familiares com crianças ou em áreas rurais. A relação entre humanos e cães permanece sólida, mas o avanço dos gatos como animais de companhia aponta para uma diversificação no perfil dos tutores.
No contexto atual, a pergunta sobre qual é o “melhor amigo do homem” parece menos uma disputa e mais um reflexo da pluralidade de laços possíveis entre humanos e animais. No Dia Internacional do Gato, a ascensão dos felinos é também um lembrete sobre a importância da guarda responsável, do cuidado com a saúde animal e da valorização de todas as formas de afeto e convivência.
Independentemente de espécies ou preferências, o companheirismo continua sendo o ponto em comum. E, ao que tudo indica, os gatos estão mais presentes do que nunca nessa relação.
Comentários: