Ouvi meus gêmeos cantarolando “bombardeiro tralelo tralala” com um sotaque em italiano, de início não achei estranho, pois um deles está estudando italiano. Até que fui pesquisar e fiquei em estado de choque. Esses são vídeos “brainrot” vídeos que parecem fofinhos, mas não tem sentido nenhum, não tem história, repetitivos, viciantes, uma bomba de dopamina no cérebro da criança e com mensagens ocultas, essas mensagens possuem palavrões, ofensas e conotações sexuais.
“...Brainrot“ é uma metáfora que significa “cérebro podre”, os vídeos brainrot são vídeos virais, rápidos com humor nonsense, feitos com o objetivo de hipnotizar e viciar o cérebro infantil...”
Nos últimos tempos, um novo desenho animado chamado "Tralalelo Tralala", criado por inteligência artificial, tem chamado a atenção das crianças. Nele, encontramos personagens peculiares, como um tubarão com patas e tênis da Nike, uma bailarina com características chocantes, simbolizando um mundo surreal e confuso. Embora a criatividade dos personagens possa ser atraente, é essencial que os pais estejam cientes dos riscos potenciais associados a conteúdos como esse.
Uma das preocupações principais é a forma como desenhos animados gerados por inteligência artificial podem impactar a percepção das crianças sobre a realidade. As crianças em fase de desenvolvimento aprendem a diferenciar o que é real do que é imaginário, e a mistura de características bizarras, como um tubarão com corpo humano, pode criar confusão e desorientação. Este tipo de representação pode contribuir para a formação do que muitos estão chamando de "cérebro podre", que se refere à incapacidade de realmente entender ou avaliar criticamente o que consomem.
No tralalelo tralala há vários personagens como o crocodilo bombardino, o elefante meio cacto, todos com comportamentos e falas desconexas e com conteúdo agressivo e sexual. São memes criados na Itália e muitas das suas falas em italiano são preconceituosas e consideradas blasfêmias na Itália, o trocadilho “tralalelo tralala” traduzindo para o português é um trocadilho repleto de palavrões, bullying e xingamentos de filho para pai. No brasil muitos influenciadores que divulgam esses vídeos em seus canais em busca de monetização, fazem uso de filtros ou jogam outras músicas encima, mas o conteúdo toxico continua o mesmo. O objetivo é viciar os cérebros infantis para que o vídeo seja visto milhares de vezes.
Os efeitos do consumo excessivo de mídias não estruturadas e surrealistas podem incluir a dificuldade em manter a atenção, aumento da ansiedade e até mesmo distorções na percepção corporal e identidade. O limite entre imaginação e realidade pode se tornar nebulosa, levando a comportamentos e entendimento distorcidos. Com o excesso desses conteúdos a criança pode começar a apresentar dificuldades de aprendizado, terror noturno e outros problemas.
Para orientar seus filhos, considere as seguintes dicas:
- Converse Sobre o Conteúdo: Pergunte o que eles acham dos personagens e da história. Isso pode abrir um diálogo sobre o que é real e o que é ficção.
- Estabeleça Limites de Tempo: Defina um tempo de tela razoável e encoraje atividades que estimulem a criatividade sem os elementos de surrealismo extremos.
- Promova Conteúdos Educativos: Ofereça alternativas que sejam divertidas, mas também educativas e que ajudem os pequenos a pensar criticamente.
- Seja um Exemplo Positivo: Mostre como você também analisa o conteúdo que consome, questionando o que é apresentado e incentivando a curiosidade saudável.
- Monitore Reações: Observe como eles reagem após assistir ao desenho. Se perceber que eles estão confusos, angustiados ou apresentando comportamentos estranhos, converse mais sobre como eles se sentem.
A conscientização é fundamental para garantir que as crianças possam consumir conteúdo de forma crítica e saudável. "Tralalelo Tralala" pode parecer inofensivo à primeira vista, mas a desestruturação do que é físico e o conceito de um "cérebro podre" nos alerta para estarmos vigilantes e presentes na formação da mente de nossos filhos.
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