O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Paraná, por meio dos núcleos de Guarapuava e Ponta Grossa, deflagrou nesta terça-feira (7) duas operações simultâneas — a segunda fase da Operação Rota 466 e a Operação Via Pix — voltadas à apuração de possíveis crimes cometidos por policiais rodoviários estaduais. As ações resultaram no cumprimento de mandados de prisão, busca e apreensão e no afastamento de diversos agentes das funções operacionais.
Na Operação Rota 466, conduzida pelo Núcleo de Guarapuava com apoio da Corregedoria da Polícia Militar, foram cumpridos 11 mandados de busca e apreensão, três mandados de busca pessoal, um de prisão e ordens de arresto de bens e bloqueio de contas bancárias nas cidades de Guarapuava, Imbituva, Ponta Grossa, Laranjeiras do Sul, Guaraniaçu e Pitanga. Segundo o Gaeco, o objetivo foi aprofundar as investigações iniciadas na primeira fase, com provas indicando a participação de outros três policiais militares, dois deles da Polícia Rodoviária Estadual.
De acordo com as investigações, os policiais exigiam propina de condutores autuados por infrações ou de profissionais que atuavam em salvamento de cargas tombadas, configurando possíveis crimes de concussão, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Também foram identificadas pessoas físicas e jurídicas que auxiliavam na lavagem dos valores obtidos. Um ex-comandante do Posto de Polícia Rodoviária de Guarapuava, já investigado anteriormente, foi preso preventivamente por novos crimes de corrupção. O Gaeco apurou que ele teria recebido pelo menos R$ 47 mil em propinas e tentado interferir nas investigações.
Já a Operação Via Pix, conduzida pelo Núcleo de Ponta Grossa, também com apoio da Corregedoria da PM, cumpriu 19 mandados de busca e apreensão em residências e postos policiais nas cidades de Ponta Grossa, Castro, Piraí do Sul, Telêmaco Borba, Jaguariaíva, Arapoti, Wenceslau Braz e Siqueira Campos. A Justiça Militar Estadual determinou ainda o afastamento de sete policiais rodoviários e o bloqueio de contas bancárias.
As investigações começaram em março de 2025, após motoristas denunciarem extorsões praticadas por policiais rodoviários na região de Piraí do Sul. A apuração revelou uma estrutura organizada de corrupção e lavagem de dinheiro, com exigência de pagamentos indevidos em dinheiro ou via PIX, muitas vezes para contas de terceiros (“laranjas”). Quase uma centena de motoristas foi identificada como vítima do esquema, e parte já foi ouvida pelo Ministério Público.
De acordo com o Gaeco, apenas entre dezembro de 2024 e agosto de 2025, os investigados teriam recebido cerca de R$ 140 mil em transferências via PIX.
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