Começa nesta terça-feira (4), às 9h, no Fórum de Guarapuava, o julgamento de Rodrigo Neumann Pires, acusado de cometer dois homicídios qualificados no município. O caso, que ganhou grande repercussão local e nacional, envolve a morte de Vanderlei e Edineia, casal de trabalhadores assassinados após uma discussão em março deste ano.
A decisão mais recente do processo, assinada pelo juiz Márcio Trindade Dantas, autorizou o uso de recursos audiovisuais durante o júri — como vídeos, mapas e apresentações — e permitiu a exibição de mídias e documentos previamente indicados pelas partes.
Segundo o magistrado, os crimes ocorreram no mesmo contexto de tempo, lugar e modo de execução, e foram registrados em vídeo. O réu confessou os homicídios em depoimento extrajudicial. Diante do conjunto de provas, o juiz entendeu que não há necessidade de ampliar o número de testemunhas, o que poderia atrasar o julgamento e gerar custos adicionais.
A decisão de pronúncia foi emitida pela 3ª Vara Criminal em 3 de junho de 2025, após o reconhecimento de provas consistentes da autoria e materialidade dos crimes. Conforme o processo, o acusado teria sido retirado de um local por seguranças — que mais tarde se tornaram as vítimas. Cerca de uma hora e meia depois, ele teria retornado armado com um revólver calibre .38 e efetuado vários disparos.
Os laudos periciais apontam que Vanderlei morreu por traumatismo hepático e Edineia por traumatismo cardíaco, ambos causados pelos tiros. Rodrigo Neumann permanece preso preventivamente e será escoltado com reforço policial durante a sessão.
Defesa
A equipe de defesa, formada pelos advogados Elizane, Miguel Nicolau e Felipe, do Escritório de Advocacia Nicolau, afirmou à Rede Gazeta que o processo é “extremamente complexo” e envolve circunstâncias que exigem cautela na exposição da estratégia.
“Apesar dos homicídios ocorridos, o Rodrigo teve uma reação às agressões que sofreu das vítimas, registradas em vídeos, áudios e relatos de testemunhas”, disse a defesa. “Essas agressões serão um dos pontos centrais apresentados ao Conselho de Sentença.”
Os advogados também destacaram que a limitação de testemunhas não prejudica a defesa, e que o uso de recursos audiovisuais ajudará a “aproximar os jurados dos fatos e facilitar a compreensão do processo”.
Acusação
Já o advogado Jean Campos, que representa a família das vítimas, afirmou em entrevista à Rede Gazeta Guarapuava que a expectativa é de que o júri reconheça a gravidade do crime e faça justiça.
“No próximo dia 4 de novembro, teremos o desfecho dessa história trágica, que não só tomou conta dos noticiários de Guarapuava, mas do Brasil. Era um casal trabalhador, guerreiro, que deixou os filhos para ir buscar o sustento — e não voltou mais”, disse.
Jean Campos ressaltou que as provas reunidas “são robustas o suficiente para comprovar que o réu, de forma consciente e voluntária, tirou a vida de um pai e de uma mãe”. Segundo ele, as quatro crianças do casal agora vivem com os avós, que enfrentam a dor irreparável da perda.
“Mesmo que houvesse algum desentendimento, não é dessa forma que se busca justiça. O acusado poderia recorrer às autoridades — mas jamais fazer justiça com as próprias mãos”, destacou o advogado.
O júri popular é aberto ao público e deve se estender ao longo do dia. O caso mobiliza a cidade desde março e reacende o debate sobre a violência e seus impactos devastadores nas famílias das vítimas.

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